Laboratório de Fisiopatologia da Trombose

A trombose ocorre quando temos a formação de um trombo em um vaso sem lesão. Segundo a Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia (do inglês ISTH), a trombose pode causar a morte de uma em cada quatro pessoas, no mundo, por ano. A hemostasia é crucial para a manutenção da vida, pois tem como função manter a fluidez do sangue e gerar coágulos para o impedimento da perda sanguínea, quando os vasos sofrem algum tipo de lesão. Existem diversos fatores que podem influenciar ou predispor um paciente a formação de trombos, tais como: fatores genéticos, meio ambiente e/ou procedimentos, assim como doenças como o câncer e a anemia falciforme. A doença falciforme é uma doença hematológica que apresenta natureza autossômica recessiva, sendo uma das alterações hereditárias mais comuns no mundo. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, nascem ao ano 3.000 crianças com anemia falciforme - sendo esse o estado de maior gravidade da doença - e outras 180.000 portadoras do traço falciforme. Esses dados demonstram a importância e a necessidade em estudar esta patologia. Nesses pacientes, a mutação pontual do gene da beta globina, gera a hemoglobina S (HbS) a qual na ausência de oxigênio polimeriza-se dentro dos eritrócitos e gerando a falcização dessas células. Essa mudança morfológica deflagram dois episódios clínicos de grande importância: a anemia hemolítica crônica e eventos vaso-oclusivos (VOC), este último conhecido também como crises álgicas, a qual apresenta dores intensas nos pacientes, sendo a principal causa de atendimento e internação. A dor é ocasionada pela interrupção do fluxo sanguíneo para os tecidos, levando a isquemia tissular, que envolve diversos fatores. Dentre os fatores que contribuem para esses eventos, podemos citar os leucócitos, plaquetas, células endoteliais, elementos do subendotélio e componentes do plasma. Normalmente, o paciente com crise vaso- (VOC) apresenta manifestações clínicas de um estado pró-trombótico, podendo estar associado a complicações como: tromboembolismo venoso, trombose in situ, acidente vascular cerebral (AVC), hipertensão pulmonar, necrose avascular das articulações, dentre outras. O laboratório tem como missão compreender cientificamente os processos clínicos, celulares e moleculares que desencadeiam as VOC, tentando assim identificar processos e moléculas que possam participar desses eventos para diagnosticar e predizer as crises com o intuito de um tratamento adequado e melhor qualidade de vida para os pacientes. Os trabalhos de extensão sobre o tema prevê a divulgação do saber e conhecimentos sobre a trombose e a Doença Falciforme que vem, cada dia mais crucial, para a sua prevenção das VOC e diagnóstico precoce da trombose, facilitando assim o tratamento e prevenindo as complicações decorrentes destes eventos, que podem levar a sequelas permanentes ou até a morte.

peptide bothrops jararaca doenca falciforme snake venom venom disintegrin pacientes doenca molecular estudo trombose