Proadolescer

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Instituto de Psiquiatria

Psiquiatria

2019-09-30 12:07:13

Atividade:

O Proadolescer aborda questões ligadas à travessia da adolescência, pesquisando as fronteiras entre o processo normal do adolescer e a possibilidade do desencadeamento de quadros psicopatológicos nesse período etário. A adolescência apresenta potencial de criar situações desestabilizadoras da economia psíquica: momento de definições diversas no campo sexual, profissional, familiar, ela coloca questões que alguns indivíduos não têm condição de contornar. Ao não poder estabilizar sua identidade como um indivíduo adulto, o adolescente se expõe ao risco da chamada crise normal da adolescência deteriorar-se, precipitando situações de grave sofrimento psíquico. A falta de atenção ao processo de marginalização dos adolescentes com transtornos mentais contribui para o agravamento de problemas sociais como a pobreza, a violência e o uso de drogas. Estas são questões que constituem obstáculos à melhoria das condições de vida de populações jovens dos grandes centros urbanos do Brasil. Dados epidemiológicos internacionais apontam para a prevalência de transtornos mentais na população de crianças e adolescentes em torno de 10 a 15%, chegando até 21% se tomarmos apenas a população de adolescentes mais velhos. Cerca de 50% destes transtornos tendem a produzir incapacidade permanente. A Organização Mundial de Saúde (OMS) advertiu que até o ano 2020 os transtornos neuropsiquiátricos infanto-juvenis crescerão internacionalmente acima de 50%, tornando-se uma das cinco causas mais comuns de morbidade, mortalidade e desabilitação entre crianças e adolescentes. Outros estudos também apontaram que o início de diversos transtornos mentais é mais precoce do que se julgava e que as taxas de suicídio e homicídio entre os jovens aumentam aceleradamente em diversas regiões do mundo. O Proadolescer busca construir estratégias de cuidados para adolescentes em sofrimento psíquico partindo de uma visão abrangente sobre a adolescência, enquanto fenômeno biológico, social e subjetivo. Nesse sentido é fundamental, para dar conta da complexidade da questão, a articulação de várias intervenções terapêuticas, sendo necessário superar o isolamento entre disciplinas e atividades profissionais com o desenvolvimento de equipes interdisciplinares e multiprofissionais. Intervenções com estratégia única – somente medicamentosa ou exclusivamente psicoterápica – apresentam menor eficácia ou podem causar danos ao paciente. No caso do uso exclusivo de medicação, o surgimento de embotamento, sedação ou síndromes neurológicas pode contrabalançar negativamente os efeitos terapêuticos esperados. A falta de atenção ao contexto familiar em que está inserido o jovem também dificulta a adesão às propostas de cuidados. Deve-se registrar, além disso, o limite da atuação psiquiátrica na clínica da adolescência. Existe uma dor incontornável no processo de adolescer que não pode ser cancelado por psicofármacos. A tensão entre o sujeito adolescente e o Outro, seja ele familiar, institucional ou social, não é uma questão ao alcance das intervenções médicas. Ou seja, a adolescência, enquanto fenômeno sociocultural, não pode ser tratada como patologia. O que não é o mesmo que negar a existência de situações de grave sofrimento psíquico nessa fase da vida. Baseado nesse pressuposto as pesquisas do grupo giram em torno dos limites entre a necessidade de intervenções terapêuticas e o reconhecimento dos processos normais da adolescência.

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ID Lattes Nome Atualização
3963375437880626 Edson Guimarães Saggese 2024-07-07 15:57:38
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