Laboratório de Pesquisas em Etnografia Participativa e Museologia Dialógica - ETNOMUSEU

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Museu Nacional

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2022-09-16 17:56:13

Atividade:

1. Apresentação O Laboratório de Pesquisas em Etnografia Participativa e Museologia Dialógica (ETNOMUSEU) é um laboratório de pesquisa, extensão e ensino constituído, entre outros, por integrantes do Setor de Etnologia e Etnografia (SEE) do Museu Nacional/UFRJ, pretendendo articular uma rede de pesquisadores, professores, lideranças comunitárias e produtores de bens culturais envolvidos na construção de um espaço autônomo e experimental de Etnografia Participativa e Museologia Dialógica. Este Laboratório foi concebido e desenvolvido a partir do projeto Etnomuseu: Laboratório de Pesquisa em Etnografia Participativa e Museologia Dialógica, apresentado ao Edital número 28/2021, da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado Rio de Janeiro (FAPERJ), e aprovado em dezembro de 2021 com duração de 4 anos. Ora está sendo proposto junto ao Departamento de Antropologia do Museu Nacional/UFRJ, bem como submetido à Pró-reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PR2) da UFRJ. O Laboratório ETNOMUSEU se propõe à troca e à produção coletiva de conhecimentos sobre memória e história dos povos indígenas, de coletivos afro-brasileiros e de populações marginalizadas, sendo uma iniciativa resultando sobretudo de desafios enfrentados no contexto pós-incêndio do Museu Nacional (2018). 2. Justificativa A criação de um Laboratório de pesquisas sobre etnografia participativa e museologia dialógica representa a reafirmação do compromisso e envolvimento do Setor de Etnologia e Etnografia do Museu Nacional (SEE/MN) com as comunidades de origem das coleções etnográficas, manifestado claramente em oficina com representantes dos povos indígenas desde a 32ª. Reunião Brasileira de Antropologia/RBA, em outubro/novembro de 2020, e reafirmada em oficinas consecutivas e em encontros com estudiosos da temática e representantes de museus no Brasil e no exterior. Alguns projetos inovadores desenvolvidos em décadas anteriores com comunidades indígenas e afro-brasileiras devem ser lembrados, uma vez que foram inspiradores desta iniciativa. Desde a década de 1980, o SEE/MN tem estimulado o protagonismo cultural dos povos indígenas, como sucedeu na criação de centros de memória, como foi o caso do Centro de Documentação e Pesquisa do Alto Solimões: Magüta (1985) e do Museu Magüta (1991), primeiro museu indígena do Brasil, ambos referidos ao povo Tikuna. A coleta de peças etnográficas deve estar associada com políticas de memória e estratégias culturais das comunidades locais. O antropólogo João Pacheco de Oliveira foi um de seus fundadores, diversos líderes, professores e estudantes visitaram a reserva técnica do SEE e desenvolveram pesquisas. O historiador Crenivaldo Veloso também fez assessoria a atividades do Museu Maguta. Outra iniciativa pioneira, foi a Coleção Documentos Sonoros, desenvolvida no SEE/MN com a colaboração dos antropólogos Gustavo Pacheco e Edmundo Pereira. Esta série foi iniciada em 2004, com o CD Ile omolu Oxum. Cantigas e toques para os Orixás, em parceria com o Memorial Iyá Davina, do Rio de Janeiro (RJ). Em 2009 foi lançado o CD Magüta arü wiyaegü, reunindo cantos do povo Tikuna, em parceria com o Conselho Geral da Tribo Tikuna e com o próprio Museu Magüta. A exposição Os Primeiros Brasileiros, com concepção e curadoria do antropólogo João Pacheco de Oliveira, foi desenvolvida em parceria do Museu Nacional/UFRJ com a Fundação Joaquim Nabuco (Pernambuco) e a APOINME/Articulação dos Povos de Comunidades Indígenas do Nordeste, Espírito Santo e Minas Gerais. Contou com a extensa participação de lideranças e promoveu conferências e workshops com os indígenas. Com fotografias, músicas, painéis, filmes e objetos que expressam a rica cultura produzida por dezenas de povos indígenas que vivem na região Nordeste, a exposição apresenta ao visitante estas coletividades como protagonistas de sua história, articulando intimamente as suas formas culturais com as suas lutas atuais por direitos e reconhecimento. Após 13 itinerâncias no Brasil e uma no exterior, em 2021, durante a pandemia a mostra ,transformou-se em exposição virtual, a primeira sediada no site do Museu Nacional https://osprimeirosbrasileiros.mn.ufrj.br/ Em 2011, um grupo de ceramistas e líderes do povo iNY-Karajá, trazidos pelo antropólogo Manuel Ferreira Filho (UFG), visitou o Museu Nacional e fez pesquisa na reserva técnica da etnografia. No ano seguinte foi organizada pelo SEE a exposição Os Karajás - Plumária e Etnografia, que continuou em exibição até o incêndio do prédio em 2018 e segue parcialmente disponível na internet https://museunacional.ufrj.br/dir/exposicoes/etnologia/karajas.html. A Exposição “Kumbukumbu: África, memória e patrimônio”, do Museu Nacional, foi organizada em 2014 pela equipe do Setor de Etnologia e Etnografia (SEE), em especial por Michele Barcelos e Rachel Correa Lima, com a curadoria de Mariza Soares, apoiando-se no valioso acervo de objetos africanos e afro-brasileiros do Museu Nacional, visando a divulgação da história do continente africano, de sua diversidade cultural e das conexões entre a África e o Brasil (vide https://www.museunacional.ufrj.br/dir/exposicoes/etnologia/kumbukumbu.html . O Projeto Reestruturação do Setor de Etnologia e Etnografia do Museu Nacional/UFRJ, começou a ser gestado nos primeiros meses após o incêndio de 2 de setembro de 2018 e implementado no início de 2019. As atividades do SEE têm se voltado para a reestruturação de sua base de trabalho, para a formação de novas coleções físicas e para a organização de um repositório digital de coleções etnológicas, tendo por base o desenvolvimento de pesquisas e de parcerias com as comunidades de origem dos materiais colecionados. Apoiado nessas experiências o Laboratório ETNOMUSEU visa consolidar o desenvolvimento de uma metodologia inclusiva e participativa com as comunidades e aprofundar as estratégias de descolonização do acervo etnológico dos museus e patrimônios culturais, estabelecendo um espaço de diálogo para preservação da memória dos povos indígenas. Tal Empreendimento se revela estratégico para a formação e organização de futuras coleções, propondo-se em especial a revisar as práticas de colecionamento, guarda e exibição no Museu Nacional, com base em novos parâmetros. Trata-se de estabelecer, pela pesquisa e interlocução com as comunidades de origem, um conhecimento compartilhado e polifônico, acessível às populações ali representadas, fornecendo ao grande público informações científicas qualificadas e que possam contribuir para o aperfeiçoamento das instituições democráticas. Assumir que as coleções etnográficas devam ser o resultado de relações éticas e simétricas com as comunidades de origem, fruto de uma rel9=açã0o dialógica e de uma pesquisa etnográfica participativa, implica na revisão crítica dos protocolos e procedimentos associados em geral às práticas de colecionamento e de gestão de acervos e coleções na maioria dos museus ora existentes. 3. Objetivos O Laboratório ETNOMUSEU tem por objetivo a reunião e a articulação entre diversos agentes e agências envolvidos nos trabalhos de pesquisa relacionados às novas práticas de colecionamento. O seu eixo temático é a reflexão sobre processos de formação e gestão compartilhada de coleções etnográficas e os diversos saberes a eles associados, relacionados a povos, comunidades e coletividades nacionais – indígenas, afrodescendentes, artesãos e artistas populares. Este laboratório pretende aprofundar o debate visando à construção de uma antropologia de orientação pública, que contribua para melhor distribuição dos conhecimentos acadêmicos e, assim, para a democratização da ciência. Pretende consolidar e promover o debate diverso, coletivo e polifônico, comprometido em refletir historicamente sobre as transformações sociais e culturais que envolvam populações subalternizadas, estimulando ações e atividades que possibilitem essa troca, como cursos, oficinas, projetos em colaboração com as comunidades de origem, assim como projetos interinstitucionais e interdisciplinares. Estes seriam os pilares para as pesquisas que vierem a ser desenvolvidas por este Laboratório e em outros grupos de pesquisa e iniciativas a ele associadas, de forma a valorizar o protagonismo cultural das comunidades de origem e aprofundar as estratégias de descolonização de acervos etnográficos. Como um espaço físico e virtual, o ETNO MUSEU visa desenvolver as seguintes atividades: pesquisas sobre os processos de formação e gestão de coleções etnográficas; cursos de extensão e oficinas; conferências e seminários de pesquisa; mostras e exposições; pesquisas sobre coleções etnográficas brasileiras em museus estrangeiros; produção de materiais didáticos pela rede escolar; publicações para divulgação científica; desenvolver atividades de extensão. A sua especificidade é de buscar articular interesses acadêmicos e demandas da sociedade, dos movimentos sociais e das instituições voltadas para a consecução de políticas concernentes aos direitos humanos, a promoção da cultura e a valorização da diversidade social. Em paralelo, o Laboratório pretende contribuir para o intercâmbio entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros com relação às modalidades de colecionamento e curadorias compartilhadas, visando a democratização da ciência e dos conhecimentos acadêmicos. 4. Metodologia A estruturação do Laboratório ETNOMUSEU se dará a partir de parcerias e diálogos estabelecidos no processo de reconstrução das coleções etnográficas do Museu Nacional, com a continuidade de parcerias anteriores e o estabelecimento de novas parcerias para realização de pesquisas, a partir do que se pretende ampliar o atendimento e a orientação aos pesquisadores e às comunidades, relacionados à formação das novas coleções. O fortalecimento de redes de pesquisadores e museus indígenas e comunitários com o SEE deverá estimular a interatividade, o apoio à participação e ao diálogo com as comunidades de origem, seja nas atividades de pesquisa, bem como em outras atividades a serem realizadas, como cursos, oficinas, eventos, exposições e publicações. Além das redes indígenas e comunitárias, também estão sendo feitas articulações com museus internacionais visando o desenvolvimento de pesquisas do acervo de povos indígenas que estão fora do país, de forma a dar acesso a estas informações por meio de sua disponibilização pública. A interdisciplinaridade será sua marca, ao articular pesquisas realizadas em diferentes campos, desde a antropologia social, etnologia, história, arte e divulgando por meio de oficinas, cursos, exposições e publicações físicas e em formato digital. Nosso objetivo não se limita a uma reconstituição material do acervo, mas apostamos nas pesquisas como forma de atuarmos como “tradutores históricos e culturais”, sintonizados com as memórias e criações culturais vivas. Com o Laboratório ETNOMUSEU esperamos também avançar nas parcerias com profissionais da educação básica das redes públicas do estado do Rio de Janeiro, promovendo oficinas e cursos de extensão e produzindo materiais de apoio didático voltados a estes profissionais, em especial, os docentes, atendendo as finalidades da Lei 11.645/2008 sobre o ensino de temas relativos às culturas indígenas e afrodescendentes. 5. Resultados Esperados Esperamos que a criação do Laboratório de Pesquisas em Etnografia Participativa e Museologia Dialógica (ETNOMUSEU) represente um instrumento de articulação da comunidade acadêmica e científica do SEE e do MN/UFRJ com outras instituições, museus e centros de pesquisa de diferentes comunidades de origem. Esperamos que o ETNOMUSEU contribua para a participação direta destas comunidades na produção de conhecimento da instituição, por meio da adoção de metodologias voltadas à produção coletiva ou ao compartilhamento de conhecimento científico. Esperamos ainda que a criação do ETNOMUSEU promova a ampliação da atuação do Setor de Etnologia e Etnografia, a partir das parcerias estabelecidas com as outras instituições indígenas, comunitárias, universitárias, museus, nacional e internacionalmente. 6. Equipe Os pesquisadores associados ao Laboratório ETNOMUSEU fazem parte do quadro social da UFRJ (docentes, técnico-administrativos e discentes de Programas de Pós-Graduação), assim como de outras instituições de pesquisa e ensino localizadas no Rio de Janeiro (UFRJ, UERJ, UNIRIO, UFF e UFRRJ) e em outras unidades da federação. Um aspecto a destacar é a participação de pesquisadores indígenas, afrodescendentes e de outras comunidades. Considerando que o laboratório reunirá comunidades de todo o Brasil, pretende-se articular acordos de cooperação acadêmico-científica com instituições de pesquisa e ensino de outras unidades da Federação (fora do RJ), no sentido de garantir a atuação protagonista de lideranças, professores, artistas e pesquisadores indígenas e comunitárias de todo o país, valorizando a diversidade étnica e cultural como princípio de construção da nação.

Palavras-chave:
Responsáveis:
ID Lattes Nome Atualização
3524115532897588 Joao Pacheco de Oliveira Filho 2024-02-04 11:50:39
Membros:
ID Lattes Nome Atualização
8278563866331589 Carla da Costa Dias 2024-04-24 16:06:18
1282477624362019 Paula de Aguiar Silva Azevedo 2023-08-01 17:58:20
5091697510762381 Crenivaldo Regis Veloso Junior 2024-05-30 20:12:45
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